segunda-feira, 27 de junho de 2016

Se ele conseguiu, você também consegue: Como se livrar da depressão!



    Olá queridos!! Como estão se sentindo hoje?


     Alguns dias atrás, contei a história do Bruno (http://batepapocompensamentos.blogspot.com.br/2016/06/entendendo-de-uma-vez-por-todas-o-que-e_48.html), estão lembrados? Através dela, falei um pouco dos sintomas da depressão, e hoje, vou falar sobre como o psicólogo pode ajudar.

      Um dos sintomas que tentei dar bastante destaque, foi o de que a depressão é uma doença, e se a depressão é uma doença, o melhor é que se busque ajuda com profissionais da área da saúde. Aliás, é a primeira coisa que recomendo! Podemos buscar um médico de confiança, um psiquiatra, um psicólogo; mas SEMPRE um profissional da área da saúde! Eu, como sou psicóloga, falarei como é o tratamento na área da psicologia, área que conheço e domino.

      No tipo de terapia que eu trabalho, a cognitivo-comportamental, ensinamos que nossos pensamentos influenciam diretamente em nossos sentimentos e também em nossos comportamentos. Se voltarmos na nossa história, podemos ver alguns pensamentos que causavam no Bruno vários sentimentos ruins, vamos lembrar?
1)      Logo no início, o Bruno pensava não ter motivos para estar triste, pois tinha tudo; e por isso sentia culpa e raiva de si mesmo;
2)      Bruno pensava que seu esforço não valia a pena, este pensamento lhe gerava tristeza, desmotivação;
3)      Quando tudo começou a dar errado (por sua falta de motivação – algo que não enxergava), Bruno passou a acreditar que algo estava conspirando contra ele, e sentia medo, ansiedade, tristeza;
4)      Por último, um pensamento “oculto”, mas de extrema importância: Bruno pensava que pessoas sociáveis e engraçadas não eram tão bem-sucedidas quanto as inteligentes – então, ele precisava ser inteligente para ser bem-sucedido.

A terapia cognitivo-comportamental ajudaria o Bruno a lidar com esses pensamentos buscando evidências para cada um deles; está claro que o Bruno estava tão “afundado” em sentimentos e pensamentos negativos, que não conseguia ver certas evidências de que sua mente estava “lhe pregando peças e alterando alguns de seus pensamentos”. Vejamos, por exemplo, no 2º pensamento, quando Bruno não consegue notar que seu esforço valeu a pena – Bruno foi o 1º da sala por algum tempo e sua motivação e empenho lhe garantiram uma vaga em uma multinacional; porém, seu foco, seu objetivo era ser considerado inteligente, prodígio; pois "lá no fundo", ele acreditava que pessoas inteligentes eram mais bem-sucedidas que as sociáveis e engraçadas.

Através de técnicas específicas, a terapia cognitivo-comportamental ajuda as pessoas a enxergar as crenças  que estão gerando todos estes sentimentos negativos; não é somente dizer à pessoa que ela precisa “pensar positivo ou ver o lado bom das coisas”, é ensiná-la a refletir em cima de pensamentos, de forma racional, lógica, simples e prática, e acreditem, isso alivia e MUITO os sentimentos negativos! Por exemplo: através da técnica de pesquisa de evidências, Bruno procurou por traços de personalidade das pessoas mais bem-sucedidas da atualidade, e em todas encontrou dedicação, esforço, honestidade, perseverança, entre outras, mas, em nenhuma delas encontrou a inteligência, ou um QI acima da média, e sim a vontade de aprender coisas novas; e isso ele tinha de sobra! Essa e outras técnicas foram ajudando Bruno a se levantar e a ver outras evidências em muitos de seus pensamentos.

       Outra coisa que foi recomendada ao Bruno, foi que voltasse a praticar atividades físicas assim que possível (no caso dele, a academia). No primeiro texto, comentei que na depressão há uma queda de algumas substâncias, certo? Hoje, já existem estudos que comprovam que na atividade física há um aumento dessas mesmas substancias, ajudando a pessoa a regularizar os níveis das mesmas mais rápido, isso não é fantástico?! 
        E você, psiu! Você mesmo (mesma) que está falando ou pensando: ah!
Mas eu odeeeeio academia, não suporto!! Atividade física não é só academia! Existem várias opções, como fazer uma caminhada, corrida, dançar, jogar bola, lutas, enfim, existe uma infinidade de atividades que se pode fazer (algumas até em casa), que ajudam, não só no combate e melhora da depressão (e ansiedade também, mas isso é assunto de outro post), mas também irão melhorar sua autoestima! É de se pensar, né?
(Importante lembrar que atividades físicas e a psicoterapia se complementam! Atividades físicas não substituem a psicoterapia).

       Então é isso pessoal! Esta é a contribuição que nós, psicólogos podemos dar para as pessoas que sofrem de depressão! Para finalizar, deixo alguns pedidos: O primeiro deles é direcionado a você, que está lendo este texto e que se identificou com os sintomas do Bruno; não sinta medo de buscar ajuda, este é o primeiro grande passo para sair dessa! O segundo é para você, que conhece alguém que se sente assim; cuide com as palavras, esteja perto (mas não grudado, dar espaço é importante), e recomende que a pessoa busque ajuda. E o terceiro é para você que já está em tratamento, e é também muito importante! Não se de alta da psicoterapia, se você já se sente bem, converse com o seu psicólogo sobre isto e decidam juntos, mas não se de alta; a psicoterapia é um processo e a alta fora do tempo pode por todo o tratamento “por água abaixo”, e digo o mesmo para quem toma remédio; ouço muitas pessoas falarem que já estão se sentindo bem e que pararam de tomar o remédio “por conta”; não façam isso! Remédio é coisa séria, consulte seu médico antes de tomar qualquer decisão, não consulte o “google ou páginas e grupos do facebook” antes de parar ou aumentar a dose; pessoas são diferentes, organismos diferentes, e, por isso, tomam remédios e doses diferentes, ok? Saúde é coisa séria moçada!!!

Espero que gostem e, principalmente, que ajude e se sintam de alguma forma acolhidos!!! Estou à disposição para qualquer dúvida!


Beijos e abraços,


Júlia Balieiro Benedini - Psicóloga
CRP:08/14965




“O pensamento é o ensaio da ação (Sigmund Freud)”

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Entendendo de uma vez por todas o que é a depressão.


Olá, tudo bem? Não sei a que horas você está lendo este texto, então, bom dia, boa tarde ou boa noite!

Para começar o nosso texto de hoje, vou contar uma historinha, inventada, para que fique mais fácil de entender o tema, que é bem atual: a depressão! É importante lembrar que o personagem não foi inspirado em nenhum amigo, parente ou paciente, então, qualquer semelhança é mera coincidência, ok?


“Bruno andava triste, e já não era de hoje. A vizinhança toda estava comentando o que estava havendo, visto que Bruno era um menino alegre e que vivia brincando com todo mundo. Bruno tinha 25 anos, trabalhava, cursava mecânica; morava com os pais em uma casa boa, bonita, tinha um irmão mais velho e uma irmã caçula e estava juntando dinheiro para comprar seu próprio apartamento, era um menino esforçado! Bruno, todos os dias, se perguntava o porquê de toda essa tristeza  e  se culpava: “pare com isso! Você não tem motivos para estar triste! Tem gente passando frio e você tem cama, casa e roupas quentinhas, e está aí, triste? Ahhh, vá catar coquinho Bruno! ” E este pensamento fazia Bruno se sentir ainda pior, ingrato, triste e com grande sentimento e culpa.  Estava se arrastando há algumas semanas, tanto para ir ao trabalho, como para ir ao curso, que, no início do ano, era sua maior paixão! Quando iniciou o curso, Bruno era o primeiro a chegar em sala de aula e o último a sair; devido ao seu interesse nos conteúdos e nas matérias, notas altas em provas e trabalhos, conseguiu um ótimo estágio em uma grande multinacional da cidade; nessa época, Bruno também frequentava a academia do bairro, e as mudanças físicas em seu corpo elevaram sua autoestima e autoconfiança, fazendo com que Bruno alavancasse ainda mais em diversas áreas de sua vida. Mas tudo isso, aos poucos, foi mudando.
Quando criança, Bruno teve uma infância normal e saudável. Bruno era o filho do meio, e seu irmão mais velho era considerado o inteligente da casa, Bruno era o sociável, o engraçado, o simpático e a caçula, uma menina, a princesa. Bruno queria ser o inteligente, queria tirar as notas tão altas quanto as do irmão, mas, por mais que se esforçasse, continuava sendo o sociável. Quando entrou para o curso, Bruno entrou determinado a ser o 1º da sala, e por um tempo conseguiu e estava muito satisfeito e feliz; entrou para a multinacional, ajudava os pais em casa, mas não era o suficiente, Bruno continuava sendo “aquele menino sociável, engraçado e simpático”, e o irmão, o inteligente, o garoto prodígio. Bruno sentia que seu esforço não valia a pena, que por mais que fizesse por merecer, não seria recompensado, e começou a ficar triste, começou a sentir que nunca seria o menino inteligente. Perdeu o prazer em ir para o curso, em trabalhar, estava sempre cansado, com sono, parou a academia e com o tempo, já nem tinha mais vontade de se arrumar, “Me arrumar pra que? Ninguém vai me notar mesmo! ” Bruno estava perdido em milhares de pensamentos e sentimentos negativos, seu passatempo favorito era ficar no quarto, assistindo algo na televisão ou no computador, e seu desempenho no trabalho começou a cair. Bruno achava que havia algo conspirando contra ele, e sentia muita raiva…”

                Para que não fique cansativo e entediante, hoje, apresentarei, através da história do Bruno, os sintomas da depressão, e no próximo texto, explicarei como o psicólogo pode ajudá-lo.

                Hoje em dia fala-se muito em depressão, mas eu, como psicóloga, vejo que muita gente confunde a depressão com o "ficar muito triste"; ficar triste é comum , mesmo que muuuito triste, e é saudável! Imagine um mundo só com pessoas alegres o tempo todo?! Eu, particularmente, ficaria muito brava com pessoas alegres quando eu acordo (risos)!

                Bruno sentia culpa por estar triste, algumas vezes, raiva, e não tinha ideia de que estava entrando em depressão; Não conhecia seus sinais e sintomas e, como boa parte da população, nem imaginava que a depressão é uma doença. Hoje, já está comprovado que existem alterações químicas no organismo do indivíduo com depressão, e isso tudo contribui com a sua situação atual. Resumidamente, o que posso dizer, é que na depressão, há uma queda de algumas substâncias, chamadas serotonina, noradrenalina, dopamina e outras, que são responsáveis pela sensação de prazer e bem-estar.

Como mencionei na história, Bruno andava triste há algum tempo. Um dos fatores que diferencia a depressão da tristeza é há quanto tempo a pessoa vem se sentindo assim. Como disse, é natural e saudável ficar triste por um ou dois dias, principalmente quando há uma razão para tal; quando este período de tristeza se estende por semanas ou meses é interessante prestar atenção com bastante cuidado nos outros sintomas que vou falar abaixo e sempre (sempre) buscar ajuda de um profissional da área (psicólogo ou psiquiatra).
             
          Bruno amava seu curso, seu trabalho, a academia, mas com o tempo deixou de sentir prazer nas atividades que sempre gostou. A perda de interesse por atividades que, antes eram interessantes e satisfatórias é outro sintoma clássico da depressão; especialmente quando envolve o abandono dos mesmos; Bruno acabou abandonando a academia, teve uma queda no rendimento no trabalho e no curso, etc.
       
         A depressão está também “rodeada” de pensamentos negativos. No caso de Bruno, vemos “meu esforço não vale a pena, sou só simpático e sociável (anulação do lado positivo), ninguém me nota, tem algo conspirando contra mim” entre outros; pensamentos como este geram raiva, insegurança, medo, tristeza e etc.
             
         Para terminar, um dos passatempos preferidos de Bruno passou a ser ficar em seu quarto, assistindo algo na televisão ou no computador, estava sempre cansado, com sono; a falta de motivação, falta de vontade, procrastinação (deixar para depois, adiar as coisas), também são sintomas de depressão, bem como preferir ficar sozinho no quarto a ficar na companhia de outras pessoas (quando antes se preferia o contrário).
      
        O que vimos hoje aqui foi a história do Bruno e através dela, pude falar um pouquinho da depressão, uma doença que não escolhe idade, gênero, raça ou classe social e que, segundo a organização mundial de saúde, atinge cerca de 7% da população mundial e é uma doenças mais incapacitantes para o trabalho e outras atividades (fonte: http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2014/12/1563458-depressao-ja-e-a-doenca-mais-incapacitante-afirma-a-oms.shtml).
      
          O melhor e tudo isso é saber que é um quadro reversível, e no próximo texto, vamos ver como o Bruno saiu dessa!
              
           Para quem tiver interesse, tenho também uma fanpage no facebook: https://www.facebook.com/batepapocompensamentos , um perfil no instagram:www.instagram.com/batepapocompensamentos e agora um perfil no periscope psc_Juliabb  

             
   Espero que gostem, fiquem com Deus e até a próxima


Muito obrigada,

                                          Júlia B. Benedini - Psicóloga 
(CRP: 08/14965)




"O pensamento é o ensaio da ação (Sigmund Freud)"