sexta-feira, 29 de julho de 2016

Socorro, meu filho tem depressão!!


  “Criança tem que brincar, pular, dar risada e curtir a infância, que é uma só!"
    Mas e quando, por alguma razão, isso não acontece?


   Olá pessoal! Tudo certinho?
   Nosso bate papo de hoje é sobre a depressão em crianças!

   A depressão em crianças foi reconhecida há pouco tempo, desde 1975, e desde então, vem sendo assunto de muitas pesquisas!

   Em qualquer faixa etária, a depressão é um assunto delicado e pede cuidados, pois se não for tratada, interfere diretamente no dia a dia das pessoas e compromete a qualidade de vida. 
   
   Os sintomas da depressão são os mesmos para adultos e crianças, porém nos adultos é mais fácil ser diagnosticada pois eles, além de se queixarem, revelam por suas atitudes quando não se sentem bem. Por não saberem nomear suas próprias emoções, os pequenos dependem do adulto para isso e por essa razão, tendem a guardar o sofrimento e queixam-se de problemas físicos, pois é mais fácil explicar o concreto e orgânico (dor de barriga, dor de cabeça), do que algo de caráter emocional.

   Como podemos então ajudar as crianças?

  •  Ensine sobre os sentimentos. Ensine o que é a raiva, tristeza, alegria, medo, ansiedade, angustia, etc. Faça atividades interativas como pedir para a criança recortar imagens que representem cada sentimento, ou que ela descreva uma situação onde sentiu cada um deles.
  •  Preste atenção em sua criança e em seu padrão de comportamento, mudanças muito bruscas exigem um olhar mais cuidadoso! Por exemplo:

       -Se seu filho é uma criança que se alimenta bem, e começou a se alimentar mal;
       -Se tinha um sono tranquilo e passou a ter noites de insônia (ou vice e versa – se tinha insônia, sono agitado e passou a sentir muito sono e dormir por longas horas durante o dia e a noite);
      -Se é uma criança tranquila e você vem recebendo queixas recorrentes da escola, de agitação, queda no desempenho escolar;

  •  A criança depressiva geralmente é muito insegura. Tem medo de se separar de seus pais e/ou cuidadores e sente muito medo; quer sempre alguém por perto.
  •  Fique atento a falas (recorrentes) do tipo: “Ninguém gosta de mim, vocês vão me abandonar, eu vou ficar sozinho, eu não consigo, meus colegas vão rir de mim, etc” Este tipo de fala pode indicar baixa autoestima.
  •  Por não saber lidar com o que está acontecendo, muitas vezes a criança acaba irritando-se com facilidade, consigo mesma e com os outros.
  •  Preste atenção no choro: o choro da criança depressiva não é aquele choro “de quem quer continuar brincando”; geralmente, é um choro indicativo de angustia e do medo que está sentindo o tempo todo; também diferente do choro da manha/birra.


   Se seu filho vem apresentando mudanças e se as mesmas vem persistindo por um período de 4 semanas (ou mais), é interessante encaminha-lo para a avaliação de um profissional da área da saúde(psicólogo, psiquiatra infantil,
pediatra).

   É importante também ressaltar que a medicação, ás vezes, necessária para alguns casos de depressão infantil; principalmente quando já está avançada e tem componente genético. Porém, quando detectada precocemente (no início),  pode ser tratada somente com psicoterapia e orientação para os pais (que também são necessárias quando a criança está tomando medicação). 
   
   A terapia da criança é parecida com a do adulto; ensinamos a lidar com pensamentos e sentimentos negativos; educamos, ou seja, ensinamos sobre emoções e como elas são geradas pelos pensamentos, porém de uma forma lúdica, através da brincadeira, jogos, desenhos, que é a forma como a criança se comunica!

   Já viu o vídeo sobre este tema? Este é só um "gostinho"! 


    O restante você pode ver clicando aqui Depressão em crianças.
    
    Comentários, dúvidas, sugestões de temas são sempre muito bem vindos! Podem me mandar por email batepapocompensamentos@gmail.com, inbox na fanpage Bate papo com pensamentos (facebook), nos comentários, ou da forma como se sentirem mais confortáveis!

   E por hoje é isso.... Espero que tenham gostado, que tenha ajudado e que tenham se sentido de alguma forma, acolhidos!
   


Júlia Balieiro Benedini - Psicóloga
CRP: 08/14965




"O pensamento é o ensaio da ação (Sigmund Freud)"

terça-feira, 19 de julho de 2016

Como ajudar alguém com depressão

    Oi pessoal! Bom dia, boa tarde ou boa noite! Tudo bem com vocês?

    No nosso último texto e vídeo conversamos sobre 5 coisas que não devemos dizer para alguém com depressão, e eu comentei que, no próximo (ou seja, neste), falaria um pouco mais como ajudar; afinal, não basta só dizer “o que não dizer ou fazer”, certo?  

    Então vamos lá!

    1)      Dar apoio, suporte.

    Acredito que este, seja o mais importante da nossa “listinha”. Claro que temos que saber aquele meio termo entre o dar apoio/estar presente e dar espaço, bem como não apoiar todas ideias (pensamentos) da pessoa, para agrada-la (você pode dizer: Eu compreendo e vejo que isso está te fazendo mal, mas vejo de forma diferente- penso “assim assim e assim”). Ouvir, questionar, perguntar como se sente, porque está pensando “tal coisa” fazem qualquer pessoa sentir que tem alguém que se importa (e que não julga) e isso faz diferença!
    
     2)      Aprenda sobre a depressão.

    É também muito importante saber o que seu amigo ou familiar tem, para que você possa ajudá-lo e entender o que ele está passando. Conhecimento também é sinônimo de prevenção! Aprenda os sinais e sintomas, as causas, melhores tratamentos, para que seu amigo/familiar sinta se sinta seguro, confiante e disposto a seguir aquilo que você diz.

     3)      Seja paciente.
    
    Seja paciente, sempre! Quando você é paciente, você transmite calma e confiança ao seu amigo/familiar.
Lembre-se que muitas vezes as pessoas com depressão não precisam (e nem querem) ouvir nada, querem somente alguém que esteja por perto e dê um colo.
    
     4)      Tenha o SEU tempo (especial para pais, filhos e parceiros).

     Às vezes, estar com alguém com depressão pode levar ao pensamento de “estar caminhando em uma corda bamba”, sentimento de instabilidade; “O que dizer, o que não dizer, o que eu faço”?  Escutar muitos pensamentos e sentimentos negativos pode ser cansativo, por isso lembre-se de ter o seu tempo e que você também é um ser humano! Tire um tempo para cuidar de si, faça as coisas que gosta!
    
    5)      Recomente que busque ajuda

    Esta, embora não esteja entre as primeiras, eu também considero BEM importante! Já disse 1, 2, 3 vezes e falarei novamente: a depressão é uma doença; e por ser uma doença, devemos buscar ajuda com profissionais da área da SAÚDE! Depressão não é mito, não é frescura e  precisa de TRATAMENTO.

    6)      Preste atenção aos pensamentos
   
    Como disse no texto/vídeo anterior, o segredo está no pensamento! Na depressão, um dos sintomas são os pensamentos negativos, que causam sentimentos negativos; e é através de uma conversa que a pessoa com depressão pode expressar estes pensamentos. Alguns exemplos de pensamentos negativos são: meus amigos não gostam de mim, me sinto um lixo, não vou conseguir, etc. No papel de amigo/familiar, em uma conversa informal, você pode questionar as ideias, o porquê e se elas têm uma razão específica (no caso de “meus amigos não gostam de mim”, perguntar se algum amigo fez algo específico para que ele se sinta assim, por exemplo). 

    Nós, psicólogos (cognitivo comportamental*), utilizamos técnicas específicas para que o próprio cliente perceba quando o pensamento é distorcido, e consiga modifica-lo, e quando não é, encontre alternativas para que se sinta confortável com tal pensamento.

     Então por hoje é isso pessoal! 
   
     No nosso próximo texto/vídeo vamos conversar sobre um tema que é relativamente novo!
     
    O Instituto Nacional de Saúde mental nos EUA reconheceu a existência da depressão em crianças e adolescentes a partir de 1975. Sim, crianças também tem depressão, e este é o nosso próximo tema!

    Se você tiver perguntas, comentários sobre o tema depressão, deixe nos comentários, me chame inbox, na fanpage ou onde se sentirem mais confortáveis! Esta troca/feedback é muito importante para mim!

    Espero que tenham gostado, que tenha ajudado e que tenham se sentido, de alguma forma, acolhidos!


*Cognitivo-comportamental é uma abordagem, linha teórica da psicologia, é, resumidamente, a forma como vamos ajudar o paciente a se sentir melhor. Existem várias dentro da psicologia: psicanálise, sistêmica, junguiana, psicodrama, etc. 




Júlia Balieiro Benedini - Psicóloga
CRP: 08/14965




"O pensamento é o ensaio da ação (Sigmund Freud)"

segunda-feira, 11 de julho de 2016

5 coisas que não devemos dizer para alguém com depressão.

    

    Olá gente, bom dia, boa tarde ou boa noite! Tudo bem com vocês?

    Hoje eu tenho uma super novidade! Andei um pouco sumida e tenho uma justificativa cabível para isso! É que eu estava gravando um vídeo! Não sei se já comentei, mas não me dou muito bem com a tecnologia, não sei usar recursos ultramodernos, mas resolvi me aventurar e tentar aprender; o vídeo não ficou excelente, mas dei o meu melhor e, modéstia à parte, gostei muito do resultado, principalmente porque foi o meu primeiro! Sei que tem pessoas que preferem textos, já outras preferem vídeos, então, resolvi fazer os dois, para agradar a “gregos e troianos”! Quem quiser assistir ao vídeo, o link está logo abaixo; já quem prefere a leitura, segue o texto, e quem prefere os dois (tipo eu, risos), vamos juntos!
   
    Como eu disse nos outros textos, os dados da OMS (organização mundial de saúde) não são muito animadores quando o assunto é depressão. Hoje, existem milhares de pessoas ao redor do mundo com a doença, que é considerada uma das mais incapacitantes, e estima-se que, em 2020 já será a 2ª maior questão de saúde pública (fonte: http://exame.abril.com.br/estilo-de-vida/noticias/depressao-sera-2a-maior-questao-de-saude-publica-em-2020), grave, não? E você, conhece alguém com depressão? Já teve depressão? Sabe a diferença entre uma tristeza profunda e a depressão? Há uma diferença bem grande entre as duas, e nos meus primeiros textos eu abordo este tema de uma forma bem dinâmica, você chegou a ler? (Coloquei o link no final deste texto).

    Hoje, o nosso bate papo é com as pessoas que convivem com as que tem depressão; e antes de mais nada, quero deixar claro que eu sei que vocês só querem ajudar, e que tudo o que dizem e fazem, é para o bem, tentando ajudar e melhorar a qualidade de vida deles; e é por este BEM, por este amor, que EU também quero ajudar vocês (e consequentemente, os seus queridos), ok?
    Selecionei algumas frases, que acredito que são as mais ouvidas pelas pessoas com depressão, e explicarei porque não devemos dize-las! Vamos lá?

1)  “Você só precisa ver as coisas pelo lado positivo! ”

    A depressão tem como sintoma os pensamentos negativos; é como se houvesse um filtro, e que, por conta disso, ela “não conseguisse” enxergar as coisas com lógica e coerência, e só visse o lado negativo mesmo. Ela sabe que
precisa ver o lado positivo, mas precisa ser ensinada!


2)  “Você tem tudo, não tem motivos para ficar triste/Há pessoas em situações muito piores, e que não estão mal"

    Lembram da estória do Bruno (personagem que criei nos primeiros textos) e de toda a culpa que ele sentia por “ter de tudo, e ainda assim, estar triste”? A depressão é uma doença que envolve muitos sentimentos negativos, e um deles é a culpa, pois a pessoa sabe que existem outras em situações piores, e reforçar isso pode piorar a situação.

3)  “Eu acho que isso é coisa da sua cabeça”

    É, se a gente raciocinar: pensamentos são gerados pelo cérebro, que fica na cabeça; é então é coisa da cabeça! Porém não é neste sentido que a frase é dita, né? Acredito eu, que quando a pessoa diz que “isso é coisa da sua cabeça”, ela quer dizer que “isso não é nada”. Menosprezar ou diminuir a dor a dor do outro não vai fazer com que ele se sinta melhor, afinal, a intensidade da dor, cabe a cada um de nós, não é mesmo?

4)  “Se você saísse dessa cama ou quarto, ficaria mais animado/Vamos fazer alguma coisa, aposto que você vai se animar, vai ficar melhor! ”

    Realmente não deixa de ser verdade! E não, eu não estou dizendo que depressão é falta do que fazer! Vou explicar: como falei anteriormente, a depressão tem como sintoma os pensamentos negativos, certo? Esses pensamentos geram sentimentos negativos, que, por consequência, geram comportamentos também negativos. Os pensamentos negativos, geralmente, “aparecem” exatamente naqueles momentos onde a pessoa está sozinha, reclusa. Não temos e nem devemos tirá-la a força de casa, do quarto, etc; mas sim ensiná-la a reconhecer os pensamentos negativos, e então, modifica-los! O Bruno, por exemplo, não enxergava as coisas boas que haviam acontecido em sua vida, tinha muitos pensamentos negativos, ficou desmotivado e ele, que era considerado por todos como sociável e engraçado, passou a ter como atividade favorita ficar no quarto, sozinho, assistindo algo no computador ou televisão, lembram?
    E é por isto que eu reforço: o segredo está no pensamento!

5)  “Você é muito sensível/esqueça isso/deixe de frescura.”

    Além de, também (novamente) gerar um sentimento de culpa na pessoa (você está se sentindo assim porque você é sensível), acaba por abafar o real motivo pelo qual a pessoa está com esse “turbilhão” de coisas acontecendo: a depressão é uma doença! Então, ela está se sentindo dessa forma não porque é sensível e “absorve” as coisas com mais intensidade, mas sim porque na depressão há um desequilíbrio químico, uma queda na produção de algumas substâncias, que são responsáveis pela sensação de prazer e bem-estar, e esta é a razão pela qual ela está se sentindo assim! E isso não é frescura, e como qualquer outra doença, não dá para se esquecer, deixar de lado!

    No próximo texto/vídeo, falarei um pouco mais sobre como ajudar pessoas com depressão! Vou aprofundar um pouco nesta ideia de pensamentos negativos, que é o que trabalhamos na terapia cognitivo comportamental!

    Dúvidas, sugestões, comentários são muito bem-vindos! Esta interação/feedback é muito importante para mim!

    Espero que tenham gostado, que tenha ajudado e que tenham se sentido, de alguma forma, acolhidos!


Link do vídeo: 5 coisas que não devemos dizer para alguém com depressão

Link do texto 1 sobre depressão: Entendendo de uma vez por todas, o que é a depressão

Link do texto 2 sobre depressão: Você pode sair dessa!

www.facebook.com/batepapocompensamentos


Obrigada,

Júlia Balieiro Benedini - Psicóloga
(CRP: 08/14965)



"O pensamento é o ensaio da ação (Sigmund Freud)"